Operação ‘Midnight Hammer’: O Poder dos SSGNs Classe Ohio em Ação
Saiba como submarinos nucleares SSGNs classe Ohio lançaram mísseis Tomahawk com precisão cirúrgica no Irã – análise da operação Midnight Hammer.
Luis Marcel
6/25/20254 min read


Foto: domínio público marinha dos EUA.
A crescente tensão entre Estados Unidos e Irã voltou a escalar após a operação militar conhecida como “Midnight Hammer”, que marcou o uso estratégico e silencioso de submarinos nucleares lançadores de mísseis de cruzeiro (SSGNs) pela Marinha dos EUA. Esta ação, classificada como “cirurgicamente precisa”, mostrou ao mundo a potência e a versatilidade dos submarinos da classe Ohio, redesenhados para missões de ataque tático com mísseis Tomahawk.
Neste artigo, analisamos a operação, a tecnologia envolvida, o contexto geopolítico e os possíveis desdobramentos futuros da guerra submarina moderna.
Contexto estratégico e o papel dos SSGNs
A operação Midnight Hammer não ocorreu em um vácuo. Ela foi uma resposta calculada ao aumento das tensões nucleares no Oriente Médio. Após indícios de que o Irã estaria acelerando seu programa de enriquecimento de urânio, os EUA optaram por uma ação de dissuasão pontual, que envolveu ataques a instalações subterrâneas nucleares no território iraniano.
A evolução dos submarinos da classe Ohio
Originalmente projetados como submarinos lançadores de mísseis balísticos (SSBNs), os submarinos da classe Ohio desempenhavam papel central na tríade nuclear dos EUA. No entanto, com a redução do arsenal estratégico após o Tratado START, quatro dos 18 submarinos Ohio foram convertidos em SSGNs, com capacidade para lançar até 154 mísseis Tomahawk.
Essa modificação transformou essas plataformas em autênticos arsenais submersos, capazes de realizar ataques com precisão milimétrica, sem alertar defesas adversárias. Entre eles está o USS Georgia (SSGN‑729), um dos prováveis protagonistas da operação.
A Operação “Midnight Hammer” em detalhes
A operação “Midnight Hammer” foi caracterizada pela sincronização entre ataques navais e aéreos, focados em destruir infraestruturas críticas iranianas, especialmente silos subterrâneos e centros de comando.
Lançamento furtivo de Tomahawks
Segundo fontes militares, os mísseis Tomahawk Block IV, com alcance superior a 1600 km, foram lançados de ao menos dois SSGNs. Eles atingiram alvos com grande precisão, graças a sistemas de navegação GPS e sensores de correção terminal.
Os Tomahawks foram complementados por ataques aéreos conduzidos por bombardeiros B-2 Spirit, armados com bombas penetrantes do tipo Massive Ordnance Penetrator (MOP) – capazes de atingir estruturas a mais de 60 metros de profundidade.
Coordenação milimétrica
O diferencial desta operação foi a sincronização entre as plataformas, o que impediu reações por parte das defesas iranianas. O ataque foi executado durante a madrugada, em um intervalo inferior a 30 minutos entre o primeiro disparo e o impacto final. Essa estratégia reduziu danos colaterais e ampliou o efeito surpresa.
Tecnologia em ação: como funciona a “precisão cirúrgica”
A expressão “precisão cirúrgica” usada pelas Forças Armadas dos EUA não é retórica. Refere-se a sistemas de navegação, planejamento e lançamento de mísseis capazes de atingir alvos com margem de erro inferior a 10 metros, mesmo a milhares de quilômetros de distância.
O poder furtivo dos SSGNs
Submarinos como o USS Florida e o USS Georgia são verdadeiras fortalezas silenciosas. Movidos por reatores nucleares, podem permanecer submersos por até 90 dias, navegando a profundidades e rotas imprevisíveis.
Contam com sistemas de sonar passivo de longo alcance, revestimento anecoico e compartimentos de lançamento vertical (VLS), que permitem lançamentos múltiplos de mísseis sem emergir. Isso os torna indetectáveis até mesmo para satélites militares.
Tomahawk Block IV: arma de precisão
Esses mísseis incorporam:
Capacidade de redirecionamento em voo, via link de dados.
Câmeras para reconhecimento tático no alvo.
Autonomia de mais de 2 horas de voo, com rotas pré-programadas e evasivas.
O Tomahawk é considerado um dos mísseis mais eficazes da atualidade em ações contra infraestrutura crítica.
Integração com forças aéreas
Essa missão também destacou o conceito de ataque conjunto, com o uso coordenado de:
Submarinos para saturação e surpresa.
Bombardeiros stealth para destruição profunda.
Drones e satélites para vigilância.
Esse “tridente tecnológico” é o novo modelo de ação da guerra multidomínio, onde mar, ar, espaço e ciberespaço convergem em ataques integrados.
Implicações geopolíticas e o futuro da guerra submarina
A operação teve repercussões imediatas no cenário internacional. O Irã acusou os EUA de “agressão coordenada” e prometeu retaliar. Já aliados da OTAN reforçaram a narrativa de que foi uma ação defensiva, voltada à neutralização de ameaças atômicas iminentes.
Reações internacionais
China e Rússia criticaram o ataque, exigindo explicações no Conselho de Segurança da ONU.
Israel apoiou tacitamente, com aumento do nível de alerta nas fronteiras.
Reino Unido e França reforçaram seus próprios sistemas de defesa antiaérea no Golfo Pérsico.
O avanço dos submarinos do tipo Virginia
O sucesso dos SSGNs alimenta debates sobre o Aft Virginia Payload Module (AVMP), uma seção adicional planejada para os submarinos da classe Virginia, que deve aumentar sua capacidade ofensiva com até 28 mísseis extras. Isso permitirá substituir os Ohio, que devem ser desativados na década de 2030.
Tendências tecnológicas
A guerra naval do futuro deve se apoiar em três pilares:
Autonomia: submarinos autônomos para missões de reconhecimento.
Furtividade aumentada: materiais metamateriais que absorvem sonar.
Integração total: comando em tempo real entre domínios, via IA e redes táticas.
O domínio do mar profundo se tornará cada vez mais estratégico, especialmente em zonas de conflito como o Estreito de Ormuz, Mar da China Meridional e Ártico.
A operação Midnight Hammer foi um claro recado estratégico: os EUA mantêm domínio absoluto sobre a guerra naval de precisão. A utilização dos SSGNs como plataformas de ataque tático representa uma reconfiguração do papel dos submarinos na guerra moderna.
Não se trata mais de uma força de retaliação nuclear, mas de uma plataforma versátil, furtiva e letal, capaz de agir com eficácia milimétrica em conflitos assimétricos. Com o avanço das tensões globais, o futuro da dissuasão pode vir das profundezas dos oceanos.
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